Notas de corte da Fuvest 2011 podem subir, dizem professores
As notas de corte da Fuvest 2011 podem aumentar devido ao nível de dificuldade apresentado na primeira fase, dizem os professores ouvidos pelo UOL Vestibular. De acordo com o professor Edmilson Motta, coordenador do curso Etapa, a prova pareceu ser "mais simples do que a do ano passado". Apesar de não ser possível precisar o quanto isso irá impactar na nota de corte, para ele, "a impressão inicial" é de que a nota irá aumentar.
Essa também é a impressão do professor Nicolau Marmo, coordenador do curso Anglo: "Não deve ter grande mudança, mas talvez fique pouca coisa acima do que esteve no ano anterior", diz.
Apesar de, no geral, o exame ter sido mais fácil, os docentes ressaltaram que as provas de inglês, história e matemática apresentaram este ano um grau de dificuldade maior em relação ao vestibular passado. Inglês foi mais difícil por ter exigido um vocabulário avançado e boa capacidade de leitura. História, por ter exigido mais história geral e por ter apresentado dados errados. E, matemática, por ter exigido bastante raciocínio. Veja os comentários por disciplina:
Português
Para o professor Nelson Dutra, do Objetivo, a prova de português deste ano foi "previsível", porque cobrou os mesmos conteúdos do ano anterior, apesar de as perguntas terem mudado. Como exemplo, ele cita a abordagem do final do livro "Capitães da Areia"; a relação do agregado José Dias e sua patroa; e, ainda, as questões que tratam das diferenças entre norma popular e culta. "Classificaria o exame num nível de dificuldade de médio para fácil", diz.
Química
Apesar de ter sido classificada pelos leitores do UOL como "impossível", para o professor Sérgio Teixeira Bignardi, do Objetivo, a prova foi "muito bonita". Ele explica que a dificuldade em fazer o exame pode ter ocorrido da prova exigir um certo conhecimento de química e, também, por ela ter privilegiado a físico-química, que é um assunto temido pelos estudantes.
Além de físico-química, a prova também abordou química geral, compostos inorgânicos, ligações químicas, reações de dupla troca, separação de misturas e química orgânica. "Foi bastante abrangente, porque pegou todos os tópicos pedidos no ensino médio; e não foi muito trabalhosa, porque só exigiu cálculos simples. Foi uma prova bastante conceitual", diz Bignardi.
História
A prova de história deste ano sofreu algumas críticas devido à predominância de história geral sobre a do Brasil e devido a um erro ocorrido em uma das questões. "A prova devia ser mais equilibrada", diz o professor Marmo. Das dez questões pedidas, apenas duas tratavam do país.
Segundo o professor Edmilson, em história havia textos que são cobrados no ensino superior. "O aluno não tinha que conhecê-los, mas, por conta disso, as perguntas vinham com uma dificuldade maior". Os docentes apontaram erro na questão 57 da prova V: na alternativa A, apontada como correta, o romance representa as transformações urbanas no Rio de Janeiro no período "anterior" à abolição da escravidão, e não "posterior", como está na questão.
Biologia
A prova de biologia deste ano teve nível de dificuldade médio, segundo o professor Constantino Carnelos, do Objetivo. Citologia, botânica, biologia animal e ecologia foram alguns dos tópicos abordados. "Foi uma prova inteligente, porque o estudante tinha que usar o raciocínio lógico, não só a memorização do fato", explica o professor.
Apesar disso, ele diz que o nível de dificuldade foi igual ao dos anos anteriores. "Foi uma prova seletiva, como tem que ser", define.
Inglês
Para os docentes ouvidos pelo UOL, inglês estava um pouco mais difícil neste ano, devido à dificuldade dos textos pedidos na prova. De acordo com o professor Edmilson, desde que a Fuvest começou a ter enunciados em português, a prova tem sido mais complexa.
A coordenadora do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi, aponta que o vocabulário cobrado no exame era "avançado". "Alunos bem preparados, com boa leitura, tiveram mais tranquilidade; a prova exigiu um 'algo a mais'. Agora, quem não tem muito costume de leitura, teve mais dificuldade", diz.
No entanto, segundo a professora Elaine Perrone, do Objetivo, o aluno com bom nível de leitura iria bem no exame. "O aluno antenado dominou a prova; quando havia palavras mais difíceis, era possível depreender o significado pela leitura", diz.
Geografia
Segundo a professora Vera Lúcia Antunes, do Objetivo, a prova foi "extremamente geográfica", pois pediu conhecimentos em temas fundamentais da disciplina no ensino médio. Ela define o nível de dificuldade como médio. "O exame exigiu atenção na interpretação de gráficos e na leitura dos textos e das alternativas", diz.
Vera elogia a questão 61 da prova V, sobre São Luís do Paraitinga. "O drama das chuvas todo mundo já sabia, mas perguntaram sobre o relevo da região. Isso que faz o diferencial da Fuvest", diz.
Física
O professor Ricardo Hellou Doca, do Objetivo, define a prova de física como "perfeita". "Não exauriu o aluno como acontece às vezes, que ele fica cansado e não consegue mais fazer o resto da prova", diz. Para ele, o fato de as questões serem mais conceituais e não exigirem tantas contas e uso de fórmulas contribuiu para isso.
"Foi uma prova de física mesmo, sem o desejo de interdisciplinaridade do Enem. Tratou da física que o aluno aprende no ensino médio. Quem está bem preparado vai fazer uma pontuação alta", diz.
Matemática
Para o professor Gregório Krikorian, do Objetivo, as questões de matemática tiveram, de 0 a 10, um grau de dificuldade 7. "Não houve nenhuma questão original, que tivesse alguma novidade, mas a prova de matemática nunca é fácil. Comparando com os anos anteriores, o nível de dificuldade é o mesmo", diz.
Já para o professor Nicolau Marmo, do Anglo, o exame foi mais difícil do que o do ano anterior. "Achamos que foi um pouco mais difícil, porque as questões exigiram mais raciocínio dos candidatos", explica.
O exame, que seleciona alunos para a USP (Universidade de São Paulo) e para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, foi aplicado neste domingo (28) e registrou índice de abstenção de 7,79%. Ou seja, 10.365 inscritos, dentre os 132.993 esperados, faltaram no exame.
A lista com os convocados para a próxima etapa será divulgada em 20 de dezembro.
Matéria publicada em https://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2010/11/28/notas-de-corte-da-fuvest-2011-podem-subir-dizem-professores.jhtm